Conforme enfatiza Oluwatosin Tolulope Ajidahun, a endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina, e muitas pacientes acabam recorrendo a cirurgias para controlar a dor e melhorar as chances de concepção. Contudo, esses procedimentos podem ter efeitos significativos sobre a reserva ovariana, já que a retirada de lesões profundas ou cistos endometrióticos pode comprometer o tecido saudável dos ovários. Assim, compreender as consequências e planejar estratégias adequadas torna-se essencial para preservar o potencial reprodutivo.
A relação entre endometriose, cirurgia e fertilidade é complexa. Em alguns casos, a intervenção cirúrgica aumenta a possibilidade de gravidez ao restaurar a anatomia pélvica, mas em outros pode reduzir a quantidade de folículos disponíveis. Por isso, cada decisão precisa ser cuidadosamente avaliada por especialistas em reprodução humana, levando em conta a idade da paciente, o grau da doença e o desejo de gestação futura.
Impactos das cirurgias na reserva ovariana
Como explica Tosyn Lopes, a retirada de endometriomas, especialmente quando realizada repetidamente, está associada à diminuição dos níveis do hormônio antimülleriano (AMH), marcador essencial para avaliar a reserva ovariana. Isso acontece porque, durante a cirurgia, pode ocorrer a remoção inadvertida de tecido ovariano saudável, reduzindo a quantidade de óvulos disponíveis.

Adicionalmente, a cirurgia pode comprometer a vascularização dos ovários, o que afeta a qualidade dos gametas remanescentes. O risco aumenta em procedimentos mais extensos, como laparotomias, em comparação com técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia ou a cirurgia robótica. Dessa forma, embora muitas vezes necessária para aliviar sintomas dolorosos, a intervenção deve ser indicada com cautela, evitando prejuízos irreversíveis à fertilidade feminina.
Quando a cirurgia favorece a fertilidade
Apesar dos riscos, em determinados casos a cirurgia pode melhorar as chances de concepção. A remoção de aderências pélvicas ou de grandes cistos endometrióticos pode restaurar a anatomia dos órgãos reprodutivos, facilitando o encontro entre óvulo e espermatozoide. Ademais, Tosyn Lopes ressalta que a diminuição do processo inflamatório local melhora a receptividade uterina, favorecendo a implantação embrionária.
Estudos indicam que, em mulheres jovens e com endometriose em estágios iniciais, a cirurgia pode representar um fator positivo, principalmente quando associada a um planejamento reprodutivo precoce. Nesses casos, a gestação pode ocorrer de forma natural após o procedimento, evitando tratamentos de maior complexidade. No entanto, é importante que essas pacientes recebam acompanhamento contínuo para reduzir o risco de recorrência da doença.
Estratégias de preservação da fertilidade
Tosyn Lopes destaca que a criopreservação de óvulos ou embriões antes da cirurgia é uma alternativa segura para mulheres que ainda não planejam engravidar de imediato. Esse recurso protege a fertilidade diante do risco de perda folicular decorrente da intervenção. Quanto mais cedo for realizada, maiores as chances de preservar gametas com boa qualidade.
Além da criopreservação, medidas farmacológicas, como o uso de agonistas de GnRH, podem ser indicadas antes de determinadas cirurgias, ajudando a reduzir o tamanho das lesões e preservando maior quantidade de tecido ovariano saudável. Outro aspecto relevante é a escolha de técnicas menos invasivas, como a laparoscopia, que permite maior precisão e menor dano ao tecido ovariano. Em paralelo, pesquisas em terapias regenerativas investigam o potencial de células-tronco para restaurar parcialmente a função ovariana após procedimentos cirúrgicos.
A importância do acompanhamento especializado
Oluwatosin Tolulope Ajidahun conclui que a decisão sobre a cirurgia de endometriose deve sempre considerar a individualidade de cada paciente. Avaliar o grau da doença, a idade e os planos de maternidade é indispensável para definir o momento ideal da intervenção.
O acompanhamento especializado integra ginecologistas, cirurgiões e especialistas em reprodução assistida, garantindo uma abordagem multidisciplinar. Essa visão ampla permite reduzir riscos, preservar a reserva ovariana e aumentar as chances de gravidez, seja por concepção natural ou por técnicas de reprodução assistida. Dessa forma, a cirurgia deixa de ser apenas um tratamento para dor e passa a ser parte de uma estratégia planejada para o futuro reprodutivo.
Autor: Kinasta Balder
As imagens divulgadas neste post foram fornecidas por Oluwatosin Tolulope Ajidahun, sendo este responsável legal pela autorização de uso da imagem de todas as pessoas nelas retratadas.